segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Faleceu neste domingo (01) a Mestra Áurea, do Pastoril

Áurea de Barros Tavares, mais conhecida como Mestra Áurea, faleceu na tarde deste domingo(01) vítima de uma insuficiência respiratória, no Hospital da UNIMED, onde estava internada.

Mestra Áurea, nascida em 19 de março de 1919, tinha 94 anos de idade, e  era uma das maiores referência quando o assunto era o Pastoril, folguedo natalino, tanto que em 2007 foi declarada como Patrimônio Vivo de Alagoas, no livro do Registro do Patrimônio Vivo, instituído pela Secretaria de Estado da Cultura.

O sepultamento está marcado para às 16h desta segunda (02), no Cemitério Parque da Paz, no bairro Benedito Bentes.

Mestra Áurea nasceu em Satuba/AL  e começou a dançar pastoril aos cinco anos de idade, na cidade de Satuba, como borboleta e com apenas treze anos já formou seu primeiro pastoril, o “Mensageiras de Fátima”, no povoado de Saúde.

No inicio da década de 60 trouxe seu pastoril para o bairro da Pitanguinha, ensaiando também no Complexo Educacional de Pesquisas Aplicadas/CEPA, formando grupo de pastoril com os alunos das Escolas Estaduais.

“Meu pastoril é muito antigo, a menina que dançou de borboleta no primeiro grupo que formei já é bisavó e tem um rapaz que foi pastor, hoje é padre. Duas antigas pastoras que moram em São Paulo e lá formaram um pastoril que é um sucesso, vieram me agradecer por tudo que eu ensinei para elas. Gosto de escolher com muito cuidado as meninas que dançam no meu pastoril, são sempre bonitas e responsáveis”. Comenta mestra Áurea, hoje a mais antiga mestra de pastoril em atividade.

Mestra Áurea, como é mais conhecida, também ensaia coco de roda e a tradicional quadrilha junina “Alegria do Sertão”. Os ensaios acontecem na garagem de sua residência no Conjunto José Maria de Melo e na Escola Estadual Irene Garrido, perto de sua casa.  -“Minha quadrilha junina é toda original, desde o casamento matuto, os vestidos simples e bem enfeitados de picos e rendas e os chapéus de palha dos cavalheiros”.

É sócia fundadora da Associação dos Folguedos Populares de Alagoas/ASFOPAL, estando sempre presente as reuniões, debatendo e defendendo a riqueza e a diversidade cultural do nosso estado, -“Alagoas tem uma das culturas mais ricas do Brasil, mas não é valorizada à altura que merece pelas autoridades. Nossa cultura ainda não morreu porque existem mestres teimosos como eu”.

Seus grupos são sempre referencia do folclore de Alagoas, recebendo prêmios e honrarias por onde se apresentam: Campina Grande/PB, Fernando de Noronha/PE, Recife/PE e em Seminários e Congressos.

No ano de 2008, mestra Áurea foi considerada “Patrimônio Vivo” pelo Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Alagoas e recebeu o premio de Culturas Populares “Humberto Maracanã”, do Ministério da Cultura, em reconhecimento a sua dedicação e valorização da Cultura Popular.

Sem modesta, desabafa: -“Tenho certeza que mereço tudo isso e até mais, fiquei viúva aos 27 anos, uma filha para criar, mas assim mesmo dediquei toda a minha vida a estes grupos e tenho amor por todos os jovens que participam das brincadeiras. Agradeço a Deus o dom que Ele me deu, se eu deixar é o fim da minha vida”.

Mestra Áurea acredita que é de suma importância levar o folclore de Alagoas aos colégios, formando grupos nas escolas, despertando e mostrando aos alunos toda a riqueza e grandeza da nossa cultura popular.

    Autora de varias jornadas, canta com sua voz grave e afinada:
    “As mensageiras chegaram agora
Com muita graça para dançar
E o nascimento de Jesus menino
Tenho estas flores para ofertar”.

 Viva o cordão encarnado! Viva o cordão azul!